Ministros do STF decidem por unanimidade que, para a Justiça brasileira, não deve haver diferença entre uniões homoafetivas e casais heterossexuais. Ativistas gays comemoram o dia histórico na luta contra o preconceito
Ontem, o ministro Luiz Fux abriu a sessão, argumentando que a união estável foi criada para reconhecer “famílias espontâneas”, independentemente da necessidade de aprovação por um juiz ou um padre. A ministra Cármem Lúcia declarou: “Aqueles que fazem a opção pela união homoafetiva não podem ser desigualados da maioria. Contra todas as formas de preconceitos há a Constituição Federal”.
O Tribunal analisou duas ações sobre o tema. Movida pelo governador Sérgio Cabral, uma ação pedia o fim da distinção entre casais gays e héteros no Código Civil e no Estatuto dos Servidores Civis. Já a Procuradoria-Geral da República pedia que o STF declarasse obrigatório o reconhecimento da união de pessoas do mesmo sexo como “entidade familiar”.
Pelo Twitter, Cabral comemorou o resultado: “Estou muito feliz com a decisão do STF! Nosso governo pediu nova interpretação da união estável e os ministros foram extraordinários!!!!”.
CNBB: DESTRUIÇÃO DA FAMÍLIA
Os bispos que participam da 49ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Aparecida (SP), condenaram a decisão do STF. O arcebispo de Maringá (PR), dom Anuar Battisti, afirmou que, com a decisão, a Justiça estará “institucionalizando a destruição da família”.
O que casais gays podem reivindicar na Justiça
COMO JÁ FUNCIONA NO SERVIÇO PÚBLICO :
A decisão do STF reforça ações positivas existentes nas três esferas: Federal, Estadual e Municipal.
A Lei Estadual 5.034/07 equiparou à condição de companheira ou companheiro os parceiros homoafetivos para questões de Previdência.
A Prefeitura do Rio reconhece a união homoafetiva para efeitos previdenciários desde 2001.
Para os servidores públicos do Executivo Federal, a união homoafetiva é reconhecida para efeitos de plano de saúde. A União não reconhece para concessão de pensão, sendo necessário entrar na Justiça.
DAQUI PARA FRENTE
Ex-secretário de Assistência Social do município do Rio, Marcelo Garcia considera a decisão do STF uma grande vitória para os casais homossexuais. Porém, ele diz que a partir de agora será necessário haver advogados preparados para atuar sobre os novos aspectos da relação homoafetiva, como discutir uma divisão de patrimônio em caso de separação.
Com a decisão do STF, quem mantém uma união homoafetiva poderá reivindicar na Justiça os seguintes direitos: adotar o sobrenome do parceiro; em caso de separação, ter a garantia de pensão alimentícia; adotar filho do parceiro e se candidatar à adoção de outras crianças.
Em casos de doença ou morte, o cônjuge pode ter direito de autorizar a realização de cirurgias e transplantes de órgãos, e a receber herança .
O casal poderá declarar Imposto de Renda e reunir renda para obter financiamentos ou alugar imóvel.
A trabalhadora garante uma série de direitos, como licença-maternidade para nascimento do filho da parceira; receber abono-família e incluir parceiros como dependentes no plano saúde.
A emoção de ver uma longa batalha vencida no Supremo Tribunal Federal (STF) emocionou o estilista Carlos Tufvesson, coordenador da Diversidade Sexual da Prefeitura, e Cláudio Nascimento, superintendente estadual de Direitos Individuais e Coletivos.
“Eu e meu marido somos uma família, é a verdade. Qualquer coisa diferente é falsidade jurídica”, disse Tufvesson, casado há 15 anos com o arquiteto André Piva. Sem segurar às lágrimas, em Brasília, Cláudio afirmou: “Agora a responsabilidade é do Congresso Nacional, que há 20 anos se omite na questão”.
O deputado federal Jean Wyllis (PSOL) passou o dia no STF e se manifestou pelo Twitter: “A grande luta será no Congresso. E eu não fugirei dela!”. Ontem, o assunto chegou ao primeiro lugar em acessos no Twitter brasileiro. O empresário Bruno Chateaubriand, casado há 14 anos com André Ramos, afirmou: “É um dia histórico”. Comemorando no quiosque Rainbow, em Copacabana, a travesti Jane Di Castro, ao lado do marido, Otávio, disse: “Agora posso me considerar um ser humano”.
“Eu e meu marido somos uma família, é a verdade. Qualquer coisa diferente é falsidade jurídica”, disse Tufvesson, casado há 15 anos com o arquiteto André Piva. Sem segurar às lágrimas, em Brasília, Cláudio afirmou: “Agora a responsabilidade é do Congresso Nacional, que há 20 anos se omite na questão”.
O deputado federal Jean Wyllis (PSOL) passou o dia no STF e se manifestou pelo Twitter: “A grande luta será no Congresso. E eu não fugirei dela!”. Ontem, o assunto chegou ao primeiro lugar em acessos no Twitter brasileiro. O empresário Bruno Chateaubriand, casado há 14 anos com André Ramos, afirmou: “É um dia histórico”. Comemorando no quiosque Rainbow, em Copacabana, a travesti Jane Di Castro, ao lado do marido, Otávio, disse: “Agora posso me considerar um ser humano”.
Reportagens de Alessandra Horto, Aurélio Gimenez, João Fernando e Pedro Landim
No comments:
Post a Comment
Comente!
Sua opinião é importante.